Maria Ignez Diniz
Diretora do Grupo Mathema
Alguns professores perguntam por que determinados livros didáticos não trazem mais a teoria dos conjuntos de 5ª a 8ª série.Desde as primeiras mudanças nas Propostas Curriculares de Matemática feitas em diversos estados do Brasil na década de 1980 e, posteriormente, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC em 1990, o tema foi progressivamente retirado dos textos didáticos dos anos finais da Educação Básica, ficando restrito aos livros do Ensino Médio.
O fato do conteúdo ter desaparecido da maioria dos livros não significa, ecessariamente, que os professores tiveram a oportunidade de refletir sobre os motivos dessa decisão. Observe que a teoria dos conjuntos foi incluída nos livros na década de 1960, quando substituiu a geometria . Os teoremas foram trocados pelos conjuntos. O objetivo era adicionar um assunto mais “moderno”, mas com a mesma função de trabalhar o raciocínio lógico dedutivo como a geometria fazia.
Entretanto, a teoria dos conjuntos nunca alcançou esse objetivo e ficou restrita à linguagem descontextualizada. De que adianta saber uma porção de símbolos e nomes se não se chega a usá-los para trabalho com o raciocínio dedutivo?
Nesse contexto, a geometria voltou a desempenhar um papel importante na formação matemática dos alunos, ao passo que a teoria dos conjuntos passou a ser linguagem acessória. Ela pode ser apresentada apenas quando necessário, em especial ao iniciar o trabalho com campos numéricos, a partir do 8º ano, ou com funções, ao final do 9º ano ou na 1ª série do Ensino Médio.
Ainda assim, o ensino da teoria dos conjuntos não deve ser feito de modo isolado, em um capítulo à parte de outros conceitos. O ideal é que o tema seja abordado a partir do 8º ano, simultaneamente aos campos numéricos e às funções. Seu foco deve ser apenas na linguagem necessária na representação dos conjuntos numéricos, incluindo-se aí intervalos, resolução de inequações e fundamentos de lógica matemática.
Para saber mais:
Revista Scientific American Brasil. Conjuntos: a Necessidade do Supérfluo. Páginas 66 a 72, Número 46, ano 4, março/2006. Duetto Editorial
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental: Matemática MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias.MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2000.
PCN+ Ensino Médio: Orientações complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais
MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002